15.9.10

alter ego

o eu do poeta quer ser outro
e, pois, tantos outros arquiteta:
tantos quantos vida manifesta;
tantos hipoteca por mais outros.

sob papéis e letras semimortas,
jazendo em ganga de escasso ouro,
vive a vontade, vive os desgostos
enquanto é devedor e agiota.

e assim, sendo sombra e também tela,
o poeta escreve e apaga o drama
consumido qual estranha chama
que arde sem pavio e até sem vela.


.bcg.