são pura cica.
quem se alimenta dessas vozes
tem muita azia.
pensas no tempo, amadurecem,
vicejam cor.
se, porém, tardam a colheita,
com algum rancor
murcham e enrugam-se as palavras
pois o seu tempo
passou. e o resto que lhes fica,
incerto e ameno,
é flacidez e esse prenúncio
de podridão.
é quando aceitam tudo, até
vermes e chão.
feliz quem sabe bem colhê-las,
pois tem a arte
de conhecer o que à boca
diz a verdade.
.bcg.
do livro Ressentimento da terra e outros poemas sem aragem, inédito.