26.9.10

rodoviária

esse ninguém de todos – “Eu” chamado –
é abundante e estranha mercancia:
cheia parece – estando tão vazia;
proh pudor(!) se oferece no mercado.


troca-se só por si – e no trocado
percebe apenas logro e judiaria:
pois era um lá e um outro o que queria;
está, no entanto, aqui, ensimesmado.


de um lado para outro só num lado
vive. e partindo sente essa alegria
que medra na promessa do partir.


mas permanece sempre em seu estado
pois em toda estação, cada estadia,
descobre apenas tantos “Eu” aí.


.bcg.
do livro Ressentimento da terra e outros poemas sem aragem, inédito.