jamais fomos seus amigos,
nem beijamos da República
nenhum de seus signos.
não seguimos leis,
inútil esse Direito.
porém plantamos com as mãos
a honra e o respeito.
algum tempo foi
que em tal ventura vivemos:
bois na estrada do futuro;
fazer mais do menos.
algum tempo foi
que, pobres, fomos senhores,
e em nossa pequena sorte
desprezamos dores.
porém não pudemos
ver em céu tão limpo e claro
que era para estranho outro
o café e o gado.
ver nós não pudemos
que a cidade nos puxava
como a luz atrai o inseto
e o fulgor o mata.
seguiram os bois,
seguiu o café a estrada
que nós, incertos, seguimos;
e a vida ficou
para trás, passada.
.bcg.
do livro Ressentimento da terra e outros poemas sem aragem, inédito.